Um aspecto interessante é que mesmo não havendo um casamento perfeito, parece existir ainda assim, algum possível paralelo entre a cosmologia moderna e a religião. Um fato, apontado por alguns religiosos modernos, é que talvez o big-bang esteja proporcionando a confirmação da criação ex-nihilo, criação a partir do nada, do Universo. Para estes pensadores esta possibilidade abriria uma nova perspectiva para a ação divina em relação ao Universo.

É surpreendente observar que as primeiras evidências da expansão do Universo, descobertas no início do século XX, foram questionadas pelos próprios cientistas, ainda fortemente influenciados pelo pensamento religioso. Na época a visão dominante era a de um Universo que existiria para sempre na sua forma atual. Finalmente, prevaleceu a visão atual de que o big-bang, sustentado em bases teóricas e experimentais pela teoria da relatividade geral, demonstra que o Universo atingiu o seu estado atual por meios puramente naturais, sem a necessidade de uma intervenção divina. Curiosamente, um dos cosmólogos que mais batalhou para que esta visão fosse estabelecida foi justamente o padre belga George Lemâitre, durante anos diretor do Observatório do Vaticano, que acreditava que o Universo teria se originado com o que ele chamou de átomo primordial.