17/11/2008 – 14h – Auditório 1, Prédio Principal – IAG/USP

Claudia Lage

UFRJ (BRASIL)

Título/Title: Projetos para Busca de Vida no Contexto Cósmico

Resumo/Abstract:

A definição de vida, como a conhecemos, está embasada no modelo vigente na Terra. Sua origem aqui se reporta possivelmente à presença de moléculas prebioticas simples, que poderiam ter gerado a complexidade biológica ao longo da evolução das condições físicas específicas deste planeta. Levando-se em conta que a Terra faz parte de um contexto cósmico químico, prevejo que a tendência aos estados de mínima energia deve favorecer reações similares com os mesmos elementos químicos e o aparecimento de um elenco correlato de moléculas em outras regiões.

 

Assim, estudos teórico-experimentais estão em andamento no Brasil na área de Astrobiologia, voltados para busca de sinais de organização biológica fora da Terra.

 

Como ponto de partida, estamos buscando assinaturas químicas de biomoléculas nos dados oriundos de outros planetas dentro do próprio Sistema Solar, do meio interestelar e de novos sistemas planetários. Assim, procura-se rastrear indícios da presença de formas de vida com similaridade química à que é encontrada aqui.

 

Apesar de algumas centenas de moléculas, com graus variáveis de complexidade, já terem sido identificadas nessas assinaturas, não se obtém qualquer registro de componentes de ácidos nucléicos (açúcares e as bases nitrogenadas), responsáveis pelo atributo fundamental da auto-replicação de todos os seres vivos terrestres.

 

Por outro lado, regiões relativamente estáveis do Cosmos poderiam chegar a dar viabilidade ao aparecimento de formas simples de vida que, se intercambiados entre diferentes regiões cósmicas, poderiam então derivar a complexidade biológica caso cheguem viáveis em planetas mais hospitaleiros. A hipótese da Panspermia está sendo experimentalmente testada no sentido de se compreender se microorganismos adaptados a ambientes inóspitos poderiam resistir às condições de viagens interplanetárias em experimentos de simulação. Possuindo genoma baseado em DNA, teríamos a possibilidade de eles terem dado início aqui à organização biológica mais complexa sob forma do código genético.

 

Esta constatação levanta a interessante discussão sobre o papel do código genético, seja aparecendo como resultado da evolução molecular direta, seja “importada” sob formas de vida simples, na geração da complexidade da vida terrestre. O modelo biológico baseado em DNA seria único, ou, no caso eventual de tais moléculas virem a ser encontradas fora da Terra, seria um modelo generalizado?

 

 

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