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Título               : Caos, Marés e Ressonâncias em Sistemas Planetários Extra-Solares  
Conferencista: Sylvio Ferraz Mello, IAG/USP  
Data                  : Quarta-feira, 28/08/02 14H00M  
Local                 : Auditório Principal - CUASO  
Sumário           :

O sistema de planetas do Sol existe há quase 5 bilhoes de anos, e deverá continuar existindo na sua forma atual, por um tempo pelo menos igual. Nos últimos anos, sistemas planetários tem sido descobertos ao redor de outras estrelas. A descoberta da grande maioria desses planetas resultou da observação de variações na velocidade radial da estrela central, o que limita a população descoberta a planetas grandes em órbitas próximas às estrelas centrais. Dos mais de 100 exoplanetas conhecidos, 27 pertencem a sistemas com 2 ou 3 planetas (isto é, mais do que 25 porcento). Nesses casos, os planetas perturbam-se mutuamente e o modelo de órbitas Keplerianas independentes conduz a erros importantes. A utilização de modelos de N corpos em interação é necessária a uma correta representação das observações. Além disso, a intensidade das perturbações entre os planetas é diretamente proporcional às suas massas e a comparação das observações a modelos de N corpos permite determinar as massas, levantando a indeterminação devida ao desconhecimento da inclinação do plano orbital sobre a linha de visada. Alem disso, vários pares de planetas se encontram em órbitas muito próximas a ressonâncias: os dois planetas mais externos do pulsar PSR B1257+12; os 2 planetas mais externos de u Andromeda; os dois planetas de Gliese GJ876; os 2 planetas mais internos de 55 Cnc. Movimentos próximos a ressonâncias exoplanetárias são muito afetados pela existência de zonas caóticas onde pequenas variações nos parâmetros do movimento (e nas massas) separam um sistema exoplanetário estável por 1 bilhão de anos de um sistema que sera desfeito pela interação gravitacional de seus planetas em poucos milhões de anos. A existência de planetas ressonantes cujos periélios se encontram alinhados (ou anti-alinhados) indica que o sistema deve ter passado em algum momento por um processo anti-dissípativo (como seriam os decorrente de marés em uma estrela central com rotação mais rápida que o movimento orbital dos planetas). O estudo dos domínios de caoticidade também serve para delimitar regiões em que planetas de tipo terrestre podem existir na proximidade de planetas gigantes.