O Departamento de Mecânica e a Seção Técnica de Eletrônica (responsáveis: Iran Bento de Godoi e Luis Galhardo Filho) do IAG-USP desenvolveram e construíram a Gaveta Polarimétrica sob a supervisão do Dr. Antônio Mário Magalhães, e os testes inicias de funcionamento foram feitos no começo de 1996.
O instrumento (ver Figura 1) está composto basicamente da gaveta polarimétrica propriamente dita e de uma caixa de drivers. A gaveta abriga os dispositivos ópticos e mecânicos e a caixa de drivers está composta de uma fonte de alimentação e dos circuitos eletrônicos de controle dos motores de passo e sensores de posição que acionam as partes ópticas.
 
Polarim_bw.bmp (86438 bytes)
Figura 1. Diagrama esquemático da Gaveta Polarimétrica do IAG (figura obtida do Manual de Eletrônica de Controle da Gaveta Polarimétrica do IAG, Seção Técnica de Eletrônica do IAG-USP, responsável: Eng. Luis Galhardo Filho).
A gaveta polarimétrica está projetada para ser colocada na câmara CCD do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) e consta basicamente de três dispositivos ópticos: uma lâmina retardadora, um analisador e um filtro. Tanto o analisador como o filtro possuem rodas próprias que permitem o uso de até 3 tipos diferentes de analisador e até 4 tipos de filtros. Três motores de passo controlam o giro da lâmina retardadora sobre si mesma e o posicionamento das rodas do analisador e dos filtros. A codificação das posições das peças ópticas é controlada por sensores eletro-mecânicos (microswitches). O processo de movimentação dos motores de passo, assim como a leitura dos microswitches, é controlada através da saída de uma porta paralela de um PC mediante um programa de controle (ver seção seguinte) especialmente desenvolvido para este propósito. O cabo de comunicação entre o computador e a caixa de drivers tem um alcance máximo de 20 metros.
A gaveta polarimétrica aceita atualmente dois tipos de lâmina retardadora: l /2, para observações de polarimetria linear, e l /4, para observações de polarimetria circular. Dependendo do caso, o analisador também pode ser escolhido entre um prisma Savart de calcita (para objetos pontuais) ou um Polaróide (para objetos extensos). O desenho da roda do analisador possui duas posições para Polaróides, o que permite o uso conjunto de dois deles cada um centrado num comprimento de onda de interesse. Finalmente, a roda de filtros possui quatro posições para igual número de filtros. Assim, se por exemplo pretendemos operar a gaveta no seu modo linear uma combinação típica para objetos pontuais será: lâmina retardadora l /2 + prisma de calcita + filtros; por outro lado, se a observação priorizará objetos extensos a combinação escolhida será: lamina retardadora l /2 + Polaróide + filtros. Um disenho esquemático do sistema óptico da gaveta polarimétrica é mostrado na Figura 2.
A gaveta polarimétrica do IAG é altamente eficiente e é capaz de realizar observações de polarimetria linear com precisão limitada pelo ruído de fótons apenas para fontes pontuais. Da experiencia observacional acumulada, concluímos que a técnica nos permite atingir estrelas até magnitude 16 para tempos de exposição usuais de 5 minutos por posição da lâmina retardadora. Para um conjunto típico de 8 posições da lâmina, uma razão sinal-ruído de polarização maior ou igual que 5 é esperada.
 p21.jpg (120897 bytes)
Figura 2. Disenho esquemático do sistema óptico da gaveta polarimétrica do IAG.