A ESCOLHA DE SÍTIO

DO PONTO DE VISTA DOS ÍNDIOS

Versão 3.0

Walter J. Maciel

IAG/USP

[Trabalho publicado no Boletim da SAB, vol. 14, no. 2, 64-75, 1994]


O que lembro, tenho.

João Guimarães Rosa


INTRODUÇÃO

A história da Escolha de Sítio para a instalação de observatórios astronômicos no Brasil está relatada em algumas publicações mais ou menos recentes (Marques dos Santos e Társia 1986, Ferraz-Mello 1982), bem como em documentos internos do Observatório Nacional e do ITA, além de relatórios feitos para a FAPESP e CNPq. Aqueles relatos foram produzidos por pessoas que, de alguma forma, tiveram responsabilidades na gerência do processo e, por isto mesmo, podem ser considerados como sendo o ponto de vista oficial, dos "caciques". Mas a história não termina aí. Na prática, quem punha a mão na massa e fazia o trabalho de base eram outras pessoas, algumas nomeadas nas publicações acima, outras não. Pessoalmente, não tenho sido sempre lembrado, mas eu estava lá. E, como Fellini, eu me recordo, e gostaria de dividir com todos, especialmente os mais jovens, as emoções e alegrias de ter participado de uma época pioneira da moderna Astronomia Brasileira.

Fique então claro que isto não é uma história oficial, mas o ponto de vista do baixo clero, que não era consultado nas decisões, embora fosse às vezes criticado pela insuficiência dos resultados... Na verdade, isto não é sequer uma história: são apenas reminiscências pessoais, parciais e incompletas, escritas ao correr das teclas do computador, falhando onde a memória falha. Parciais, porque baseadas nas lembranças de uma única pessoa, e incompletas porque, infelizmente, alguns dos neurônios que armazenavam parte destas lembranças já estão irremediavelmente perdidos.

QUEM ERAM OS ÍNDIOS

Os acontecimentos aqui relatados ocorreram no estado de Minas Gerais, em sua maior parte, entre os anos de 1967 e 1970. Nesta época, havia em Belo Horizonte uma sociedade amadora de Astronomia, a Sociedade de Estudos Astronômicos. Seria, talvez, mais uma entre as dezenas de sociedades astronômicas que existem até hoje no Brasil e em outros lugares, não fosse pela peculiaridade de que muitos de seus membros eram estudantes de Física, o que dava um caráter mais científico e rigoroso aos seus encontros. Desta sociedade, saíram vários dos participantes do projeto de Escolha de Sítio, como Eduardo Janot Pacheco, Guilherme e Paulo Brígido Rocha Macedo, Luís Pompeu de Campos, Roberto Vieira Martins, Rodrigo Dias Társia, Rogério Camisassa Rodrigues, Constantino de Mello Motta, Rogério Carvalho de Godoy e Walter Junqueira Maciel. Alguns destes já colaboravam com o projeto desde antes de 1967, bem como várias outras pessoas com as quais não tive a oportunidade de trabalhar.

O RITUAL

Durante o período mencionado, fizemos muitas viagens aos principais sítios onde potencialmente se poderia instalar um observatório astronômico, principalmente a Mateus Leme, Serra da Piedade, Maria da Fé e Brasópolis. Outros locais foram eventualmente visitados, e eu mesmo cheguei a sugerir que o observatório fosse instalado no Morro da Ventania, em Cruzília, onde nasci. Não sei porque, ninguém se entusiasmou muito com a idéia...

As saídas de Belo Horizonte obedeciam sempre a um mesmo e imutável ritual. Reunido o pessoal, passávamos em uma padaria próxima à avenida Amazonas, onde comprávamos um garrafão de vinho Barbera e, naqueles tempos politicamente incorretos, alguns charutos mata-rato da pior espécie. Para completar, levávamos debaixo do banco um berro, como era carinhosamente chamado um Taurus 38, surrupiado do pai de alguém. É claro que poderíamos explicar tudo: o vinho era para espantar o frio, naqueles altos de morros gelados; os charutos para espantar mosquitos e pernilongos; e o berro, para espantar onças e o que mais aparecesse. Felizmente, que eu me lembre, nunca precisamos utilizá-lo, a não ser para dar uns tiros para cima, que assustavam um pouco a gente boa daquelas terras.

O JEEP E O HEMORRÓIDA

As viagens de campo, principalmente para Mateus Leme, Piedade e Maria da Fé, eram feitas num jipinho fuleiro, de placa oficial, emprestado pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG). Inicialmente, o jeep era dirigido pelo Rogério Rodrigues ou Pompeu, que eram habilitados. Depois de algum tempo, todos nós acabamos por aprender a dirigir e conhecer as manhas do jeep, como por exemplo sua famigerada folga na direção, que necessitava de uma volta de cerca de 60 graus antes de efetivamente começar a virar as rodas.

Numa das vezes em que fomos a Piedade, foi decidido que o Guilherme deveria aprender a dirigir. O motorista oficial era então o Pompeu, que olhava apreensivo as barbeiragens do novato. Na entrada de uma curva fechada nas imediações de Caeté, Guilherme fechou tanto a curva que o jeep rodopiou e deu meia volta na estrada, felizmente vazia, parando apenas no acostamento do outro lado da estrada. Com as mãos na cabeça, Pompeu gritou: "Eu sou um irresponsável!".

As subidas a Mateus Leme eram feitas geralmente à noite, com a estrada íngreme iluminada fracamente pelos faróis do jeep. Na descida, feita sempre à luz do dia, observávamos calados a estreiteza da estrada, o precipício imenso onde os arbustos cresciam na horizontal, e procurávamos a gigantesca mão invisível que no escuro da noite protege as crianças e os loucos.

Algum tempo depois, Rogério Rodrigues adquiriu um veículo próprio, muito melhor, que atendia pela alcunha de "Hemorróida". Fizemos muitas viagens nele, e me lembro de uma em particular, à Serra da Piedade. Naquele trecho de serra, as condições de infraestrutura eram relativamente boas, o que não impedia a eventual ocorrência de chuvas, romarias e outras catástrofes naturais. Naquela vez, durante a descida, logo no começo da manhã, descobrimos preocupados que uma enorme pedra, com uns dois metros de largura, acabara de rolar sobre a estrada estreita. Sobrava apenas uma pequena faixa do lado de fora, que mal dava para a bitola estreita do Hemorróida. Descemos todos, menos o Rogério que, lentamente, conseguiu atravessar, com o lado esquerdo do carro raspando na pedra, e as rodas do lado direito perigosamente beirando o precipício. É interessante a gente se lembrar agora de episódios assim, num tempo em que o maior risco que correm os estudantes é o de ficarem sem bolsa...

U ZÔME DU ZAPARÊIO

As atividades do pequeno grupo que se formava na UFMG eram beneficiadas por visitas periódicas a Belo Horizonte do então diretor do Observatório Nacional, Luiz Muniz Barreto. Durante alguns dias, tínhamos a oportunidade de falar sobre Astronomia o dia inteiro, o que começava logo de manhã, em um curso intensivo que cobria grande parte da Astronomia e Astrofísica, continuava pela hora do almoço e, frequentemente, terminava no jantar, tendo antes devidamente passado pela "viagem" da Pampulha ao centro, de carona com alguém.

Na prática, o que tínhamos era uma bolsa de iniciação científica em Astronomia avant la lettre. Por iniciativa do Muniz, éramos considerados "técnicos a serviço do Observatório Nacional", com direito a um documento de identificação que, autenticado, reduzido e plastificado, nos abria algumas portas.

Identificação "oficial" de técnico para pesquisa de Escolha de Sítio.

Naquela época, éramos todos muito jovens e imberbes, com exceção do Rodrigo, de notória barbaça, e do Rogério Rodrigues, que já cultivava um vasto bigode. No país do "sabe com quem está falando", o fato de termos uma identificação "oficial" ajudava a mostrar às pessoas que encontrávamos pela frente que estávamos, presumivelmente, fazendo algum trabalho sério. Além disto, naqueles tempos o regime militar endurecia a cada dia, e um grupo de estudantes carregando aparelhos estranhos pelas estradas de Minas poderia ter problemas, se não tivesse uma explicação plausível. Talvez um pouco por isto, éramos conhecidos pela gente simples do interior de Minas Gerais como "u zôme du zaparêio".

O DOUBLE BEAM

Um dos "aparêio" que mais impressionavam era o double beam telescope, ou DBT, um telescópio com dois tubos separados por cerca de 2 m, que formava portanto duas imagens idênticas. Este equipamento vinha desmontado e encaixotado, e a cada vez precisávamos abrir e montar tudo, o que, com alguma experiência, faziamos muito rapidamente. O objetivo do aparelho era medir essencialmente a turbulência do céu, já que em função do seeing as duas imagens formadas oscilavam uma em relação à outra, o que tínhamos de quantificar. E aí começava o problema: não era muito claro para nós como contar as oscilações, o que certamente introduzia uma componente pessoal nos resultados que, posteriormente, levou o Paulo Marques a arrancar boa parte de seus cabelos. é claro que, com o frio que fazia no alto dos morros, alguns tragos do Barbera eram imprescindíveis, o que contribuía para aumentar ainda mais a frequência das oscilações. Mas, que eu saiba, ninguém chegou a relatar a observação de imagens quádruplas...

Além disto, havia noites com ventos tão fortes que era necessário estender uma lona a alguns metros do telescópio, para que este e seu frágil pilar não voassem pelos ares. Não que isto adiantasse muito: mais de uma vez tivemos que descer correndo pelo morro atrás da lona e das estacas que a sustentavam, levadas pelo vento. Nessa altura do campeonato, não dava mais para saber o que estava causando as oscilações que eram observadas...

MATEUS LEME

Mateus Leme era, e é ainda, uma pequena cidade a 60 km a oeste de Belo Horizonte, onde fomos muitas vezes, principalmente para fazer observações meteorológicas. Como toda cidadezinha de Minas, tinha seus tipos curiosos. Um deles era o Ioca, encarregado de nos receber quando chegávamos na cidade. Em sua casa, tinhamos inapelavelmente que tomar de seu café, conhecido em Minas como 3F (fraco, frio, fedido). E não adiantava tentar recusar ou, pior, tomar muito rápido, para a tortura terminar depressa: nesse caso, sua esposa, muito solícita, vinha logo com uma segunda xícara, daquelas imensas... E a coisa não terminava aí: em vista do "sucesso" que fazia a beberagem, ainda tínhamos que levar conosco duas garrafas térmicas cheias do precioso líquido. É claro que, saindo dalí, parávamos no primeiro botequim e o substituíamos por alguma coisa mais decente.

Também como toda cidadezinha mineira, havia lá o "cientista", um tipo curioso que sabia e dizia coisas que a maioria não entendia. Em Mateus Leme havia um, cujo nome não me lembro mais. Era a época das primeiras viagens espaciais tripuladas, e ele dizia, com muito orgulho, que o meridiano de Cabo Canaveral passava exatamente sobre Mateus Leme. Todos os dias, as três da tarde...

No alto do morro, alcançado depois de quase uma hora de subida íngreme, havia apenas uma capela, onde ficávamos alojados. No lugar onde, em princípio, deveriam estar os fiéis, ficavam duas camas e algumas caixas com material utilizado por nós. Os instrumentos meteorológicos estavam instalados nas imediações e, de hora em hora, tínhamos que observar o céu e anotar os registros de nebulosidade, velocidade do vento, temperatura, etc. No início da noite era tranquilo, mas quando a madrugada e o frio se aproximavam, não era fácil encontrar um cristo que se dispusesse a sair. Aquecidos pelo Barbera, às vezes alguns de nós vestíamos os paramentos e outras vestimentas igualmente santas guardadas na igreja, e organizávamos sacrílegas procissões no meio da noite, com direito a tochas e velas bentas. Isto causava murmúrios na população da pequena cidade, que se perguntava o que seriam aquelas luzes misteriosas se movendo no alto do morro...

AS MATEUSLEMÍADAS

Ao mesmo tempo que fazíamos o trabalho para os "caciques", costumávamos também registrar os principais acontecimentos num grande poema épico, a ser publicado num futuro imponderável: as Mateuslemíadas. Todos nós contribuíamos para este registro que, infelizmente, acabou por se perder. Alguns trechos podem ser recuperados, como o Hino oficial de Mateus Leme:

Hymno

Seleps umi dumi
Seleps umi dá
Vonc vonc vonc von
Vonc vonc vonc dá

Aqui o pai eterno
Manganga caruá
Vonc vonc vonc von
Vonc vonc vonc dá

Outro trecho de que ainda me lembro refere-se à epopéia da chegada e subida ao morro. Alí com frequência apareciam enxames de abelhas e marimbondos e, pelo menos em uma ocasião, uma onça. Com a colaboração de Giuseppe Verdi, adaptamos a famosa marcha triunfal de Aída:

Ainda

Subir em Mateus Leme
é coisa que ninguém gosta
pois lá tem um cara que é uma ***

Pior que o dito cara,
só uma coisa é:
é o troço que ele chama de café ...
Que café ruim, meu Deus
que papo ruim, meu Deus,
com o negócio assim
não 'tá pra mim.

Na hora de subir a serra
é que a coisa aperta,
pois o jeep está uma *** e ninguém o conserta.

Em cima, lá na igreja,
é uma trapalhada,
pois tem pulga, marimbondo e onça pintada.

(como esta é uma publicação familiar, o leitor terá que usar a imaginação para substituir os asteriscos). Outro trecho, sobre o mesmo tema, foi escrito em colaboração com Ludwig van Beethoven, que entrou com o terceiro movimento da Quinta Sinfonia em Dó menor:

Em Mateus Leme,
noite fechada,
coisa horrível acontecia,
uma onça pintada,
quase desfalca a Astronomia ...

(coro: A onça vem aí, a onça vem aí...)

E, todos armados,
encurralados,
apavorados,
prontos pra luta,
que noite mais ***

PIEDADE

Na Serra da Piedade, situada a cerca de 30 km a leste de Belo Horizonte, as condições eram de modo geral muito mais confortáveis: a estrada era asfaltada e, no topo da serra, havia a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, periodicamente infestada de romeiros, além de um restaurante, então em fase de projeto e construção. Alí éramos recebidos com simpatia por Frei Rosário, o que nos garantia momentos de conforto e agradável conversa, quando não estávamos fazendo observações. O cenário era fantástico, com rochas escarpadas projetando-se no espaço e uma neblina (!) que parecia eterna, e contribuia para um aspecto de filme de terror.

Romeiros na Serra da Piedade (1969)

Sylvio Ferraz Mello, Guilherme Rocha Macedo e Eduardo Janot Pacheco, Serra da Piedade (1969).

Também Piedade tinha seu hymnário, igualmente perdido. Naquele tempo, o II Concílio Vaticano era apenas uma notícia de jornal, e a Igreja ainda não havia perdido 1500 anos de música, o Latim e o mistério, abrindo espaço para que dezenas de denominações evangélicas tomassem literalmente de assalto estas plagas verde-amarelas. Mas isso é uma outra história: o que interessa aqui é que o Latim ainda não sabia que era uma língua morta, pelo menos no interior de Minas Gerais. Um pequeno trecho, adaptado do hino litúrgico Tantum ergo, mostra que no fundo também nós tínhamos nossas preferências quanto ao resultado da escolha de sítio:

Quantum ergo

Piedade, Piedade,
é por ti a nossa luta,
Frei Rosário, Frei Rosário,
*** ***

Porque preferíamos Piedade? é difícil dizer, mas por razões científicas é que não era. Nossos conhecimentos eram inexatos e superficiais, e compreendiam pouco mais que os rudimentos do trabalho astronômico e meteorológico que então desempenhávamos. Sabíamos da visita da missão francesa, e tínhamos até uma versão própria do Pico de Rösch, infelizmente impublicável. Mas, apesar de nossa ignorância, imaturidade e inexperiência, percebemos logo que todos os morros pesquisados no então chamado "terço médio da faixa astroclimática brasileira" eram igualmente ruins: Mateus Leme era muito baixo e tinha uma névoa seca permanente; em Piedade havia o famigerado "chapéu", e podia-se cortar o nevoeiro com uma faca; Maria da Fé era muito úmido, Brasópolis parecia sempre nublado, e Caldas e o Gavião eram inóspitos, ou, como se dizia, "não tinham boas condições logísticas". Por tudo isto, a razão de nossa preferência deve ser procurada em outro lugar. Talvez no mistério daquelas serras verdes, que encantaram três séculos antes os olhos cansados de um delirante Fernão Dias Pais; talvez ainda na presença forte de Frei Rosário e sua cozinheira Josina, no bom feijão mineiro preparado em panelas de pedra e servido na cozinha nos fundos da igreja. Ou, talvez, nas tardes frias de inverno, quando costumávamos ouvir Bach numa velha vitrola verde, geralmente sonatas para violino e cravo, ou prelúdos do Wohltemperierteklavier. E, no final, acabamos ganhando também: se o LNA foi para Brasópolis, o observatório da UFMG acabou se instalando mesmo em Piedade.

BRASÓPOLIS E A COPA DE 70

Em meados de 1970 fomos a Brasópolis, para fazer observações e testar a qualidade de imagem no Pico dos Dias. O lugar tinha um acesso razoável, havendo inclusive uma estação de TV um pouco abaixo de onde é hoje o LNA. Era a época da Copa do Mundo no México, que nos daria o Tri. Dispúnhamos de um aparelho de televisão portátil que, surpreendemente, "pegava" bem no alto do morro. Naquela época, estes aparelhos não eram tão comuns como hoje, principalmente naqueles cafundós de Minas. O Brasil jogava com a Inglaterra, e ajeitamos uns bancos e cadeiras que havia por lá para receber os visitantes. Aos poucos foram chegando: alguns a pé, um montado num burro velho, outro acompanhado de um cachorro vira-lata. Gente simples, talvez pela primeira vez acompanhando uma transmissão ao vivo de tão longe. Ganhamos apertado, mas ganhamos...

O QUE FICOU DE TUDO

Como diria Otto Lara Resende, de repente passaram-se 25 anos. É tempo suficiente para ver aqueles acontecimentos a partir de uma perspectiva mais distante e, talvez, avaliar o que ficou de tudo aquilo. Não é preciso comentar o resultado objetivo do trabalho, já que os observatórios da Piedade e o LNA estão aí, funcionando de acordo com suas características e limitações. O que ficou foi principalmente a lembrança de episódios felizes, como ilhas de alegria e despreocupação, dentro de um oceano que se tornava mais tenebroso, principalmente depois de dezembro de 1968. E não se pense que este espírito despreocupado levava a alguma irresponsabilidade na realização de nossas tarefas: tínhamos plena consciência de ser parte de um projeto maior, e fazíamos nossas observações às vezes sem muita técnica, mas sempre de forma sincera e honesta, num prenúncio do trabalho científico que alguns de nós realizaríamos depois.

E onde estão os índios agora? Como sempre acontece, o vento espalhou todos nós em direções diferentes, às vezes irreversíveis. Guilherme e Paulo viraram engenheiros; Rogério Rodrigues foi cuidar da metalúrgica do pai; Pompeu dedicou-se ao ensino e à militância política, o que talvez explique porque se foi tão cedo; Constantino e Rogério Godoy viraram geofísicos. E Janot, Roberto, Rodrigo e eu acabamos mesmo virando astrônomos, e estamos aí para contar a história...

REFERÊNCIAS

Ferraz Mello, S.: 1982, Escolha de sítio para o observatório astrofísico brasileiro, ON/CNPq, 106 pp.

Marques dos Santos, P., Társia, R. D.: 1986, Boletim da SAB, 8, no. 1, 11


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