Telescópios Robóticos
Contexto e
motivações
Telescópios robóticos (TRs) irão revolucionar a astronomia observacional no
século XXI do mesmo modo que a automação transformou a indústria de
manufaturados. Esta nova geração de telescópios, autônomos, altamente eficientes
e de baixo custo, delega as decisões sobre as tarefas observacionais a um
programa inteligente, enquanto provê gerenciamento de alto nível via Internet
e via listas de alvos por ordem de prioridade. Este tipo de facilidade é ideal
para a realização de projetos de longo termo (que requerem repetidas observações
por longos períodos), campanhas multi-sítio (do tipo Whole-Earth Telescope)
e multi-espectral (em suporte a observações com telescópios e satélites em
outros comprimentos de onda, como por exemplo o HST, XTE, Chandra, ISO),
possibilitando ainda rápida resposta a alvos de ocasião. TRs requerem
investimentos de capital relativamente modestos e permitem realizar um tipo de
ciência competitiva e de alto impacto, complementar à que pode ser atacada com
os grandes (e caros) telescópios de 8-10 m de nova geração, se constituindo num
nicho na astronomia onde o Brasil pode assumir uma posição de destaque.
Motivado por esta perspectiva, o
grupo de astrofísica da UFSC está investindo no desenvolvimento e operação
de um TR brasileiro, num projeto em colaboração com o
LNA
com suporte do
CNPq
e do Instituto do Milênio MEGALIT. O produto final do projeto é um telescópio
robótico de pequeno porte, que atua de maneira autônoma, realizando seqüências
de observações predeterminadas de acordo com critérios de otimização e de
prioridades, e que seja gerenciado remotamente a partir de um centro de
controle.
Estado da arte
O sistema de módulos computacionais responsável pelo funcionamento autônomo do
instrumento está sendo desenvolvido na UFSC. O programa de controle do
telescópio e da câmara imageadora está operacional e pode ser acionado a partir
de um cd-rom em uma máquina linux. Dada uma lista com uma
seqüência de alvos e especificações de observação, o telescópio é capaz de
realizá-la de forma confiável e autônoma. Foi desenvolvido um programa de
ordenamento das observações, que produz uma lista com uma seqüência otimizada de
alvos para uma ou várias noites, ou mesmo para todo um semestre de observações.
O programa está em fase de aperfeiçoamento e tem apresentado boa performance nas
simulações já realizadas. Foi também desenvolvido um modulo de reconhecimento de
campo, que será útil para o procedimento de centragem dos alvos no campo da
câmara imageadora após o apontamento e corrigirá as limitações de apontamento
típicas de telescópios comerciais de pequeno porte. Os resultados destes
trabalhos foram apresentados no
Workshop de Instrumentação de Angra dos Reis em novembro de 2003.
A equipe do projeto aguarda a inauguração do prédio do observatório da UFSC para
dar inicio à fase de testes de campo com o telescópio robótico, com simulações e
verificação de performance de todas as situações de operação possíveis e
imagináveis. Várias das rotinas desenvolvidas só podem ser testadas e refinadas
com o telescópio em operação realista (i.e., instalado numa cúpula), como, por
exemplo, as rotinas de ajuste automático de foco, obtenção de flat-fields,
reconhecimento de campo e fechamento de cúpula em condições climáticas
desfavoráveis. A expectativa é que este observatório entre em operação no
primeiro semestre de 2004.