Introdução
Em março de 2001 o Ministério de Ciência e Tecnologia, através do PADCT e em conjunto com o CNPq, lançou o programa Institutos do Milênio, visando investir em pontos considerados estratégicos da ciência brasileira. Dentre 206 projetos considerados, o "MEGALIT - Instituto do Milênio para Evolução de Estrelas e Galáxias na Era dos Grandes Telescópios: Implementação de Instrumentação para o SOAR e GEMINI" , ficou entre os 15 projetos nacionais no grupo G1 selecionados, contemplado com um investimento de 3,1 milhões de reais a partir de novembro de 2001 por um período de 4 anos.
A Astrofísica Observacional constitui ciência de fronteira, tanto pelas pesquisas científicas que ampliam sem cessar os horizontes do Universo conhecido, quanto pelo desenvolvimento de instrumentação de ponta necessária às freqüentes descobertas.
O Brasil
deu recentemente dois grandes passos no sentido de entrar na era das
observações e instrumentação com os grandes telescópios, tornando-se
sócio do Projeto GEMINI
em 1993, e sócio do telescópio SOAR
(Southern
Astrophysical Research telescope) em 1995. O telescópio
Gemini-Norte
foi inaugurado em junho/1999, o Gemini-Sul em janeiro/2002, e o SOAR
será
inaugurado em abril/2004.
O Projeto GEMINI consiste de 2 telescópios com espelho de 8 metros de
diâmetro, localizados no Havaí e no Chile. É um projeto de U$ 180
milhões, em que o Brasil contribui com 2,38% do custo, num consórcio
com os EUA (47,5%), UK (23,75%), Canadá (14,25%), Chile (4,75%),
Austrália
(5%) e Argentina (2,38%). O pagamento para a construção pelo Brasil é
de
U$ 4,5 milhões, e a manutenção é da ordem de U$ 500.000/ano.
O Projeto SOAR consiste de um telescópio com espelho de 4,2
metros de diâmetro, localizado no Chile, na mesma montanha (Cerro
Pachon)
em que se encontra o telescópio Gemini-Sul. Trata-se de consórcio
entre o
Brasil (30%), a agência nacional americana National
Optical Astronomical
Observatory - NOAO (31%), a University of North Carolina -
UNC
(16%) e a Michigan State University - MSU (13%). O Chile, como
país
anfitrião, tem direito a 10% do tempo de observação. O custo
do telescópio
é de U$ 28 milhões. O Brasil arca com metade dos custos de
construção, a
UNC e MSU com 80% da outra metade, e o NOAO pagou U$ 2 milhões e arcará
com
a manutenção do telescópio por 20 anos, com uma contribuição de U$ 2
milhões
pelo Brasil em 20 anos.
O Brasil é representado pelo CNPq em ambos projetos, mas no Projeto SOAR
existe um consórcio interno entre a agência nacional CNPq e as Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados
de São Paulo (FAPESP), Rio Grande do Sul (FAPERGS), Minas Gerais (FAPEMIG) e Rio de Janeiro (FAPERJ), os
participantes majoritários sendo o CNPq e a
FAPESP.
A comunidade está agora madura para iniciar uma nova fase em
seu desenvolvimento, que é a atuação em instrumentação, além da
realização de pesquisas de ponta com estes novos instrumentos. Os
projetos SOAR e GEMINI nos
oferecem a oportunidade valiosa de interação com parceiros que
desenvolvem instrumentos de alta tecnologia. De fato, em vista da
crescente complexidade dos instrumentos, a instalação de competência em
instrumentação passará a ser cada vez mais importante para o bom uso
dos instrumentos na busca das respostas científicas. A instalação de
uma "cultura'' de conhecimento em instrumentação
passa agora a ser um objetivo importante. O papel de uma instrumentação
de
qualidade para o rendimento científico dos telescópios é uma
necessidade fundamental.
Pretende-se centrar as atividades do MEGALIT nos objetivos de:
otimizar a utilização dos instrumentos do SOAR e GEMINI;
fortalecer a pesquisa em Astronomia de forma a impactar o sistema educacional em todos os níveis;
promover o fortalecimento de centros emergentes, e a criação de novos grupos, aumentando assim o número de usuários desses telescópios de grande porte;
propiciar o
desenvolvimento tecnológico na área de instrumentação de ponta no país.