A NOVA
DEFINIÇÃO
DE PLANETA
(b)
tem
forma determinada pelo equilíbrio hidrostático
(arredondada)
resultante do fato de que sua força de gravidade supera as
forças de coesão dos
materiais que o constituem;
(c)
é
um objeto de dimensão predominante entre os objetos que se
encontram em órbitas
vizinhas.
Dessa
definição resulta que o Sistema Solar possue apenas 8
(oito) planetas
conhecidos: Mercúrio, Venus, Terra, Marte, Júpiter,
Saturno, Urano e Netuno.
Plutão perde o status de planeta que lhe havia sido atribuido
por ocasião de
sua descoberta como resultado de uma errônea
avaliação de suas reais dimensões.
(Versão
oficial da resolução)
Embora a
definição adotada seja verborrágica, a realidade
física que ela exprime é muito
simples. São planetas aqueles corpos do Sistema Solar que se
formaram acretando,
dentro da nebulosa solar primitiva quase toda a matéria
existente na vizinhança
de suas órbitas. São corpos que se formaram num
período de relativa abundância
local de matéria. Não são planetas aqueles objetos
que, embora também acretados
dentro da nebulosa solar primitiva, não encontraram a
abundância de matéria e
as condições dinâmicas que seriam
necessáriam para que atingissem as dimensões
de outros objetos de sua imediata vizinhança permanecendo em uma
órbita
estável.
Na antiguidade
os astros que se viam no céu eram divididos em duas categories:
1)
as
estrelas fixas, “presas” no céu, em
uma
estrutura fixa, o firmamento, que gira ao redor da Terra fazendo com
que
vejamos as estrelas surgiram no horizonte, a leste, e desaparecerm a
oeste.
2)
os
sete astros visíveis que se movem entre as estrelas: Lua,
Mercúrio, Venus, Sol,
Marte, Júpiter e Saturno, na ordem em que se situam na
cosmologia grega. Eles
eram chamados “planetas”, que em grego significa vagabundo, errante.
Todos
movendo-se ao redor da Terra.
Nesse tempo,
a definição de um planeta era clara. Um planeta é
um astro que se move em uma
órbita ao redor do Sol. E quando Urano foi descoberto por
Herschel, em 1761,
não houve discussão. Urano se movia em uma órbita
ao redor do Sol. Era portanto
mais um planeta, o sétimo. Em 1801, Piazzi descobriu Ceres. Uma
vez mais não
houve discussão. Ceres se movia em uma órbita ao redor do
Sol e portanto era
mais um planeta. A órbita de Ceres se situava em um imenso vazio
existente
entre as órbitas de Marte e Júpiter, e resolvia o enigma
da existëncia dessa
lacuna no sistema. Mas os anos seguintes trouxeram muitos outros
“planetas”
nessa mesma região: Palas, Juno, Vesta, ... e Herschel foi o
primeiro a se
manifestar observando que, ao contrário dos outros, esses
“planetas” não
apareciam como pequenos discos nos telescópis, mas apenas como
pontos
luminosos, indicando se tratarem de objetos muito menores. Herschel
passou a
chamá-los de “asteróides”.
Em 1846,
Leverrier descobriu Netuno (a partir da análise dinâmica
das observações de
Urano), um planeta em uma órbita ainda mais longínqua que
Netuno. Mas outros
“planetas” continuavam ser descobertos entre as órbitas de Marte
e Júpiter. Em
1860 eles ja eram muito mais do que 50, mostrando que se tratava de uma
população com características próprias e
distintas das dos 8 planetas
principais. Pouco a pouco, os anuários astronômicos
passaram a referir-se a
eles como “minor planets”, “kleine planeten”, “petites
planètes”, .... além da
denominação proposta por Herschel.
Com isso, o
tipo do movimento deixava de ser o critério único para se
classificar um astro
como planeta ou não. E a idéia de que os
asteróides eram restos um planeta que
teria existido entre Marte e Júpiter
era
suficiente para explicar as diferenças de maneira simples.
Isso fez
esquentar a controvérsia e alguns pontos de vista foram
discutidos de maneira acalorada. A
pressão para evitar que Plutão
deixasse de ser considerado como um planeta foi mais política do
que
científica. Os comités que deveriam propor uma
decisão à União Astronômica
Internacional deixaram-se convencer por argumentos heurísticos
favoráveis à
manutenção do status de Plutão como planeta. Mas
se Plutão é planeta, Eris também o é. Como
o serão todos os
grandes objetos que se espera
descobrir além da órbita de Netuno e dos quais os acima
mencionados são apenas
a ponta do iceberg. Mas como encontrar um critério que diga que
Plutão é um
planeta mas exclua dessa categoria os demais. Foi necessário
encontrar uma
definição “recortada” para incluir um e excluir outros, e
isso foi feito
ignorando a maneira como se formaram os corpos do Sistema Solar.
A proposta
do comitê oficial foi a seguinte: Um planeta é um corpo
celeste que satisfaz ao
requisitos (a) e (b) da definição agora adotada. Essa
definição tinha diversos
outros pormenores, como a classificação de Caronte como
planeta e não como
satélite, que não serão aqui discutidos. Nessa
proposta Ceres recuperaria o seu
status de planeta (perdido no século 19), Caronte passaria a ser
um planeta também
(o sistema Pluão-Caronte apareceria como um planeta duplo) e
Eris seria o
décimo-segundo planeta. Além disso passavam a ser
considerados como candidatos
a planetas os objetos trans- netunianos 2003 EL61, 2005 FY9, Sedna,
Orcus,
Quaoar, Varuna, 2002 TX 300, Ixion, 2002 AW 197 e os asteróides
Vesta, Pallas e
Hygiea (seriam considerados planetas a partir do momento em que se
confirmasse que eles satisfaziam à condição (b) da
definição agora adotada).
A
resolução
aprovada refere-se apenas os planetas do nosso Sistema Solar. Para se
aplicar
aos planetas que tem sido descobertos ao redor de outras estrelas, os
chamados exoplanetas,
um
ítem
adicional seria necessário: que náo exista um processo
nuclear de geração de
energia no seu interior. Com efeito, se no seu processo de crescimento
um
planeta atinge uma massa igual a 13 vezes a massa de Júpiter, a
densidade,
temperatura e pressão no seu centro ficam suficientemente
grandes para que
ocorra a fusão nuclear do deutério lá existente.
Embora essa reação se mantenha apenas enquanto houver
deutério (que existe em muito pequena
quantidade) para
queimar no interior do planeta e não seja suficiente para
criar as condições
necessárias para a ocorrência de uma reação
em cadeia envolvendo outros
elementos, o corpo não é mais considerado como um
planeta. De acordo com a nomenclatura
aprovada em 2003 pelo grupo de trabalho da UAI sobre planetas
extra-solares, a
partir desse limite o corpo é uma anã marrom.
Mas uma descoberta recente ameaça equentar essa discussão. A estrela anã vermelha CHRX 73, observada pelo telescópio Hubble, revelou a existência de um "planeta" de massa igual a 12 vezes a massa de Júpiter, a 200 UA da estrela. (1 UA é a distância da Terra ao Sol). Nessa distância, é mais provével que o objeto não tenha se formado por acreção em um disco como os planetas e exoplanetas conhecidos, mas resulte do colapso gravitacional de uma nuvem de gas em dois objetos: a estrela e o "planeta". E nesse caso não deveria ser chamado de planeta.