Sistema de Referência Espacial
Ramachrisna Teixeira
IAG - USP
O estudo do movimento de um corpo ou a simples determinação de sua posição em um certo instante e em qualquer lugar do Universo, é um problema bastante complexo. O primeiro passo nesse sentido nos conduz à construção de um sistema de referência que naturalmente, diz respeito ao espaço e ao tempo, embora nesse momento será considerado somente seu aspecto espacial. A noção e a necessidade de um sistema de referência espacial nos acompanham desde o Ensino Fundamental ou Médio, e mesmo anos mais tarde, essa noção não vai muito além daqueles dois ou três eixos coordenados. Entretanto, trata-se de um problema essencial, árduo e dos mais antigos da Astronomia que desde seus primeiros passos, concebeu e materializou sistemas de referência em sintonia com a intuição humana de referenciais fixos. Do século XVIII e até a penúltima década do século XX essa tarefa foi cumprida com base na dinâmica do Sistema Solar e por uma sucessão de catálogos estelares fundamentais. Em 1938 a União Astronômica Internacional assumiu a responsabilidade sobre esse tema e em 1998 interrompeu a tradição de catálogos estelares fundamentais, adotando uma nova convenção baseada em objetos extragalácticos e inicialmente materializada por rádio fontes com posições VLBI extremamente precisas. Hoje, demos um salto radical na materialização do sistema de referência adotado pela UAI, graças à missão espacial Gaia. Fica aqui o convite para irmos muito além daquela simples imagem dos dois ou três eixos coordenados e discutir os meandros do estabelecimento de um sistema de referência, sobretudo que seja universal, inercial, perene e de fácil acesso.