Astronomia ao meio-dia

A MISSÃO ROSETTA


Amaury de Almeida

IAG/USP




A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) fez história ao pousar um módulo do tamanho aproximado de uma máquina de lavar roupa grande na superfície de um cometa se movimentando pelo interior do Sistema Solar a uma velocidade acima de 64 mil quilômetros por hora. O feito inédito foi realizado pela missão Rosetta, que desprendeu o módulo Philae em uma operação de sete horas até pousar sobre o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, um alvo de apenas 4 quilômetros de diâmetro. O período orbital do cometa em torno do Sol é de 6,57 anos, entre as órbitas da Terra e de Júpiter. Um cometa possui um formato irregular, uma atração gravitacional muito fraca e está continuamente expelindo gases e partículas de poeira que causam um movimento de rotação complicado. Essas características dificultam o pouso, em seu solo muito irregular de estrutura desconhecida, e podem danificar o módulo. Os cometas são “cápsulas do tempo” que carregam em seu núcleo materiais datados do início da formação do nosso sistema solar, há cerca de 4,6 bilhões de anos, e que podem ajudar a confirmar a tese de que foram fundamentais para o surgimento da vida na Terra. Como são blocos compostos de matéria orgânica complexa contendo vários aminoácidos – moléculas fundamentais na estrutura das células -, gelo de água e rochas, descobrir sua composição exata é importante para afirmar se a vida na Terra pode ter vindo mesmo do espaço. Lançada em 2 de março de 2004, a sonda Rosetta viajou por dez anos acompanhada do módulo Philae até se encontrar com o cometa 67P em 6 de agosto de 2014. Em 12 de novembro de 2014, o módulo fez um dramático pouso no cometa - depois de quicar duas vezes de volta para o espaço -, enviando os dados extraídos “in situ” de amostras à Terra via Rosetta durante 60 horas, antes de “adormecer” definitivamente por falta de energia, coletada por painéis solares. Nesta palestra apresentaremos a missão Rosetta e discutiremos os seus principais resultados até o presente. A missão está prevista para terminar no final de setembro de 2016, quando a Rosetta provavelmente também pousará na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.



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