MARÉS E EXOPLANETAS
Sylvio Ferraz-Mello
IAG/USP
Chama-se maré (tide) ao efeito de um campo gravitacional externo sobre um sistema material extenso. Esse efeito deve-se a que a magnitude da atração gravitacional é diferente nas várias partes do corpo tendendo a distendê-lo ao longo da direção do corpo externo. Ele se observa nos objetos astronômicos de todas as escalas. O exemplo clássico é a maré terrestre que existe porque a parte da Terra voltada para a Lua é atraída para a Lua mais fortemente do que as partes da Terra que lhe são antípodas. Os efeitos mais conhecidos da maré terrestre são o sincronismo dos movimentos orbital e rotacional da Lua (a Lua mostra sempre a mesma face para a Terra) e o gradativo aumento na duração do dia na Terra. Nos exoplanetas “quentes”, cujas órbitas estão muito próximas das estrelas hospedeiras, os principais efeitos da maré no exoplaneta são a sincronização dos seus movimentos orbital e rotacional (como na Lua) e a circularização da órbita. Se o companheiro planetário é um Júpiter “quente” massivo (ou uma anã marrom), a maré também afetará a estrela. A transferência de energia e momento angular da órbita do planeta para a estrela afetará significativamente a rotação da estrela e poderá aproximar criticamente o planeta da estrela central acarretando a sua destruição e queda sobre a estrela.