A LUA E A LUNETA NO SÉCULO XVII
Thomás Haddad
EACH/USP
A partir de 1610, o emprego crescente da luneta nas práticas astronômicas permitiu o rápido e notável florescimento da cartografia lunar. A transformação de observações mediadas pelo instrumento em imagens inteligíveis já representou, por si só, um importante capítulo da história dos relacionamentos entre astronomia, técnica e arte no período. As funções e mecanismos de circulação dessas imagens, por sua vez, apontam para uma série de outras questões fundamentais da época: elas servem como argumentos visuais para a crítica à física aristotélica, são empregadas na tentativa de solucionar o problema da longitude, e também demonstram as habilidades dos astrônomos que as produzem e mobilizam em defesa de suas teorias. Nesta comunicação, apresento alguns exemplos da produção, circulação e emprego de imagens selenográficas na primeira metade do século XVII, relacionando-as com os contextos intelectuais, sociais e políticos de que fazem parte.