Astronomia ao meio-dia

A Revolução Copernicana
Rubens Machado
IAG/USP


A revolução copernicana marca a ruptura de uma visão de mundo e altera profundamente o entendimento da relação entre o homem e o universo. No entanto, a revolução se origina nos detalhes mais técnicos e obscuros da pesquisa astronômica da época. Além de ser um episódio de grande interesse na história da astronomia, a revolução copernicana também oferece um exemplo ilustrativo de como se dão as revoluções científicas de modo geral (Kuhn, 1957).

A inovação de Copérnico não soluciona o problema dos planetas de uma vez por todas. De fato, o sistema copernicano -- repleto de epiciclos -- não possibilita cálculos mais simples nem fornece previsões mais acuradas que as do sistema ptolomaico. Além disso, prevê um efeito (a paralaxe estelar) que só seria detectado observacionalmente séculos mais tarde. Entretanto, a contribuição monumental de Copérnico consiste na matematização da proposta heliocêntrica. Ao mostrar quantitativamente que era viável praticar astronomia num sistema centrado no Sol, Copérnico oferece aos astrônomos um novo conjunto de problemas, cuja solução levará à destruição de toda uma visão de mundo, com conseqüências dentro e fora da astronomia.

Neste seminário será apresentada uma breve revisão do entendimento que os astrônomos da antigüidade tinham sobre os movimentos dos astros, com especial ênfase ao problema dos planetas. O esquema geocêntrico será contextualizado em termos da física aristotélica e da cultura medieval. Serão discutidos os motivos que levaram os astrônomos a gradualmente adotar o novo esquema conceitual. Finalmente veremos como a revolução foi assimilada e como o novo paradigma substituiu o antigo.


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